Opas: “Nós esperamos que o Brasil possa vir a doar vacinas”
08/11/2021Vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde falou à ONU News sobre a situação da pandemia; Jarbas Barbosa destacou parceria com a Fiocruz e as negociações para doação de imunizantes; médico brasileiro também reforça segurança da vacina e importância de combate às notícias falsas
O vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, Jarbas Barbosa, conversou com a ONU News sobre a situação da pandemia de Covid-19 na região.
Na entrevista, de Washington, o médico brasileiro falou sobre a melhora nos números regionais sobre a doença e destacou os avanços que a entidade fez para acelerar o acesso e a produção de vacinas.
Parceria com Brasil
Recentemente, a Opas divulgou uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, instituição brasileira de pesquisa em ciências biológicas, para servir de centro de desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro contra o coronavírus.
Sobre o assunto, Jarbas Barbosa explicou que para o projeto também foi escolhido um consórcio de empresas privadas da Argentina. A plataforma pretende reduzir a vulnerabilidade dos países da América Latina e do Caribe na produção de insumos para lidar com a Covid-19
“O primeiro ato dessa plataforma foi exatamente buscar identificar por uma comissão independente dois projetos que pudessem servir de centro de desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro.
São vacinas modernas, são vacinas que usam uma plataforma tecnológica muito inovadora e que podem servir de base para outras vacinas no futuro, como para dengue, influenza, chicungunha e outros problemas. Essa plataforma é utilizada hoje, por exemplo, para a fabricação das vacinas da Pfizer e da Moderna”
O especialista brasileiro também explicou que o projeto contribui em resultados de longo prazo, com o potencial de garantir autonomia a região na produção de imunizantes.
“A Opas vai apoiar tecnicamente a Fiocruz para que esse processo de desenvolvimento da vacina seja acelerado e nós possamos entrar logo depois na fase de fabricação”
Jarbas Barbosa afirmou que as parcerias buscam beneficiar todos os países da região que queiram ter acesso às doses. Novos editais também foram abertos para que componentes da vacina de RNA mensageiro sejam produzidos em outros locais, compartilhando conhecimento e ampliando os benefícios.
Doações e acesso às vacinas
Com as lacunas de vacinação nas Américas, o vice-diretor da Opas destacou a importância de se ampliar o número de imunizados para prevenir o surgimento de novas variantes e conter mais rapidamente a pandemia.
Enquanto o Brasil já vacinou mais de 57% da população, de acordo com os dados da OMS, algumas ilhas do Caribe ainda não atingiram a meta de cobrir 20%. A principal causa é a dificuldade no acesso às doses.
“Nós esperamos que o Brasil possa vir a doar vacinas. […] Nós oferecemos dados bem detalhados sobre qual é a situação, quais são os países que mais necessitam, fazemos também uma avaliação de quais são as condições desses países em receberem a vacina e utilizarem rapidamente. […] Estamos fazendo um convite a todos os países que possam ter doses sobrando para que eles façam doações. Isso, além de ser um ato de panamericanismo, que é um dos pilares da Opas também é uma medida de saúde pública muito importante”.
O vice-chefe da Opas acrescentou que além de um ato de solidariedade, as doações ajudam a recuperar a economia regional de maneira efetiva mais rapidamente.
Lembrando que a imunização e as práticas recomendadas de uso de máscaras, limpeza de mãos e distanciamento social são as melhores medidas de proteção, Jarbas conclui pedindo que todos busquem combater as notícias falsas sobre as vacinas, ajudando o avanço do número de imunizados e o controle a transmissão.